Aprendizado por Reforço pode ser uma ferramenta poderosa para os líderes na criação de um ambiente onde os colaboradores se sintam motivados, engajados e satisfeitos. À medida que nos aprofundamos no estudo da neurociência, continuaremos a descobrir maneiras cada vez mais eficazes de moldar o futuro das organizações e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade de vida de todos os envolvidos alcançando, assim, o melhor desempenho possível em suas atividades profissionais.
O aprendizado contínuo é um processo crucial para manter o desenvolvimento e adaptação de empresas em um cenário de constante mudanças. À medida que avançamos em um mundo empresarial cada vez mais competitivo, os conhecimentos da neurociência tornam-se crucias para o sucesso e o crescimento.
Dessa forma, é fundamental compreender como nossa mente funciona e aplicar esse conhecimento no desenvolvimento de programas de treinamentos que mantenham a motivação dos colaboradores. O que te trazemos hoje é que pequenas surpresas podem ser a chave para desbloquear o potencial máximo dos funcionários e incentivar o aprendizado contínuo.
Aprendizado por Reforço: O Motor que Dirige Nossas Ações
Uma característica que pode passar despercebida por muitas pessoas é que nossos cérebros são dispositivos altamente influenciados por padrões. Isso significa que, através de um processo estatístico, o cérebro gera continuamente estimativas atualizadas do estado atual do mundo.
E que surpresa! Este é exatamente o mesmo processo algorítmico utilizado pelas ferramentas de aprendizado de máquina que tanto revolucionam os negócios. Trata-se de um algoritmo tão importante que guia o comportamento de todos os animais do planeta e também é aplicado no suporte à publicidade personalizada online, carros autônomos e drones.
O nome dado a esse processo é Aprendizado por Reforço, e consiste em comparar previsões sobre os acontecimentos e o que realmente aconteceu. Mas não fica apenas nisso. O ponto central do Aprendizado por Reforço é o que chamamos de “erro de previsão de recompensa”, ou seja, o tamanho da diferença entre a previsão e o acontecimento em si. Esse é o motor de aprendizado que molda quase todos os aspectos de nosso comportamento, muitas vezes de maneiras sutis, mas detectáveis, das quais nem estamos cientes.
Para compreender um pouco mais sobre esse processo, precisamos então entender o que a magnitude do erro de previsão significa. Quando temos um erro de previsão grande, significa que o “mundo está muito melhor do que o esperado”. Por outro lado, quando são pequenos, o “mundo está mais ou menos como previsto”. Mas, e quando são zero? Bem, neste caso, interpretamos o mundo como totalmente previsto e não há nada a aprender.
O Aprendizado por Reforço é Guiado pela Dopamina
A primeira coisa que vem à mente da maioria das pessoas quando se fala em dopamina é o “neurotransmissor do prazer”. Mas esta é uma associação equivocada. Na verdade, a dopamina está envolvida na motivação, não nas recompensas em si, e é fundamental para o reforço de aprendizado.
Nesse sentido, liberamos dopamina quando há um descompasso positivo entre o que você esperava e o que aconteceu. Ou seja, quando experienciamos um erro de previsão de recompensa alto. Assim, a dopamina sinaliza, por assim dizer, as recompensas que estão por vir, e qualquer estímulo que antecede um resultado surpreendentemente bom gera esse descompasso positivo, prevendo que o mundo está prestes a ficar muito melhor e marcando o comportamento associado a aquela recompensa como algo a se repetir.
É disso que advém o papel poderoso da dopamina na aprendizagem. Em doenças que afetam diretamente o sistema dopaminérgico, como o Parkinson, observamos, além de alterações motoras, prejuízos na aprendizagem e tomada de decisões. Essas evidências corroboram para a importância deste neurotransmissor como “motor” de Aprendizado por Reforço. Um tipo de aprendizado tão poderoso que pode mudar nossas próprias personalidades.
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E como os líderes podem usar o Aprendizado por Recompensa?
Você já deve ter notado que quando está de bom humor, é mais propenso a cometer erros de previsão positivos: você espera um resultado positivo, mesmo sabendo que a chance para isso seja pequena. Uma implicação direta desse processo é que podemos direcionar nossas ações de forma a tornar mais fácil criar erros de previsão positivos, o que leva a breves explosões de dopamina que fazem o mundo parecer um pouco mais brilhante do que antes.
Para começar, seus funcionários e clientes nem sempre responderão racionalmente às informações que lhes forem fornecidas. O poderoso motor de aprendizado por reforço em seus cérebros está sempre ativo, moldando sutilmente hábitos, motivando a adoção de riscos ou a aversão a eles e influenciando a felicidade. No entanto, você pode aproveitar esse motor ao elogiar frequentemente seus funcionários por pequenas conquistas no trabalho.
Pesquisas apontam que funcionários que foram elogiados mostraram uma produtividade de 10% a 20% maior na semana posterior. Por outro lado, aqueles que não receberam elogios disseram que tinham três vezes mais chances de sair da empresa no próximo ano. Mas é preciso ressaltar que o elogio precisa ser surpreendente para ser eficaz, ou seja, um erro positivo de previsão de recompensa, e, claro, quando é sincero e autêntico. E o melhor de tudo, o reconhecimento por um trabalho bem-feito não custa absolutamente nada.
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